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The Wind Of Love

Posted by Yuri Righi on 07:09 in

Esse texto foi escrito por mim, 3 anos atrás, e vou repostá-lo porque me gusta muito ;)


The wind of Love

Passo a passo, ela ia caminhando lentamente, observando tudo e todos à sua volta. Um pouco atrás vinham seus quatro fiéis amigos (aqueles que se podem contar pra tudo, sabe como é?), dois meninos e duas meninas. Se você parasse para observar bem, o grupo de cinco amigos pareciam irmãos: cada um com seu estilo, cada um com seu jeito, porém havia algo em todos que os mantinham unidos. E diga-se de passagem que não eram laços fracos.

O parque estava bem movimentado para uma tarde de um fim de semana normal. Havia pessoas de todos os jeitos, cores, humores... Tudo o que você podia imaginar. Mas A Pequena se destacava, e garantia todos os olhares. Não tinha mais de um metro e sessenta, era magra, cabelos muito escuros, pele branquinha, parecia uma boneca. Seu estilo era incomparável e impossivelmente inotável, usava um all-star meio velho, uma meia calça preta, uma saia de cintura alta jeans e uma camiseta branca, com alguns detalhes. Nem precisava de tanta maquiagem, sua pele era perfeita, seus olhos eram da cor do céu no mais bonito dos dias.

Apesar de todos a acharem perfeitinha, ela mesmo não era totalmente feliz, assim como ninguém é. Não conseguia mais encontrar a felicidade nas coisas grandes do dia-a-dia. Não conseguia mais encontrar a tal felicidade em si mesma. Estava infeliz, incompleta.

- Vamos na roda gigante, meus amores? Há tempos que não vou. Quero poder ver tudo lá de cima, de novo. - Disse para os amigos, com ar de felicidade.

Os quatro fiéis companheiros aceitaram a proposta, e logo se enfiaram na fila da roda gigante. Não estava tão grande. Em alguns minutos, conseguiram entrar.

Nas cabines, cabiam apenas duas pessoas. Todos se olharam, e pararam um instante. A Pequena resolveu esperar um pouco, e disse aos amigos que poderiam entrar, ela iria na próxima.

Não demorou muito para a próxima cabine chegar. A elegante senhora que comandava a entrada e saída no brinquedo falou que poderiam entrar mais pessoas. A Pequena entrou, sentou no banquinho da cabine e colocou a delicada face na janela, dando um longo suspiro. Escutou um barulho, havia outra pessoa entrando na cabine também. Quando olhou para o lado, viu uma ruiva garota, da mesma idade que a dela. Muito parecidas, diga-se de passagem. Trocaram um rápido olhar, e a roda gigante começou seu longo percurso. A ruiva abriu a boca lentamente.

- O que foi? Você parece triste.

Houve um momento de silêncio, mais olhares, mais suspiros.

- Pode falar, será melhor para você :) Não estou nas melhores épocas também, tudo têm sido difícil. Meu coração parece estar petrificado, meu estômago morto. Não sinto mais nada, apenas desespero.

- Sinto o mesmo. Minha vida não é a mesma desde que eu passei da infância. Tudo mudou, tudo ficou preto e branco.

* * *

- Bonito o seu cabelo, cor diferente. … natural?

- Sim, nasci assim. Seu cabelo é bonito também.

- Obrigada.

- Ah, seus olhos são perfeitos. Antes de conseguir ver além do seu olhar, é impossível não se perder neles, a cor é impressionante.

- Obrigada. Os seus são bonitos também.

* * *

- Acho que estamos no ponto mais alto já. Olhe como o mar é lindo daqui.

- Ah, o mar! Tão misterioso, tão encantador... - A Pequena parou de olhar para o vermelho dos cabelos, e se reprimiu contra a janela. Fechou os olhos por um instante, apenas sentiu a brisa gelada e vagarosa que vinha da janela semi aberta. Sentiu uma mão no seu ombro. Seu corpo gelou, seu estômago morto revirou um pouco, sentiu seu coração pulsar na veia. Voltou a si e olhou para trás.

- Você está bem?

- Estou. Apenas pensei por um minuto, fazia tempo que não vinha aqui.

- Você parece muito comigo. Estranho. … difícil achar alguém com que eu me identifique.

- Se identificou comigo?

- Sim.

- Somos parecidas, muito mais do que eu pensei.

Procurou lentamente no banquinho o que estava procurando. Quando achou, não a soltou mais. Agora sim seu estômago estava a mil, e seu coração pulsava a todo ritmo, podia sentir em qualquer parte do seu pequenino corpo. Mexeu seu corpinho, aproximou-se mais. Só conseguia ouvir o vento assoviando, e as ondas do mar estourando na praia. Tudo estava aliviado, tudo estava bem, por um momento pelo menos.

A roda parou. Olharam-se, pela última vez. Sussuraram algumas palavras, que não conseguiam ser ouvidas por ninguém.

O último eu te amo foi levado com o vento, assim como tudo será. Um dia, será.


Yuri Righi
Estudante de Produção Musical na Universidade Anhembi Morumbi. 18 anos. Brasileiro, nascido no interior de São Paulo.

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